14 de jan. de 2011

Vou pra rua beber a tempestade

A vida passa em um piscar de olhos. Em alguns meses, podem se passar anos. Você nasce e renasce a cada cinco anos, a cada uma década, a cada dia. Você vê, lê, ouve e descobre a vida. Descobre o certo, o errado, o possível, o conveniente. Vai às ruas e briga, acredita e grita. Às vezes consegue, outras vezes não. Volta pra casa, se decepciona, chora, volta a se redescobrir. Renasce, uma ou duas vezes. Se for na Alemanha, você volta às ruas, mesmo que discreto. Se for no Rio, você bebe umas e põe na conta do prefeito.


“Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança

Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar

Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade”

P.

21 de out. de 2010

Ainda há esperança

Hoje não teremos reclamações. É dia de elogiar. Ainda que a alienação impere, a injustiça sobressaia e a indiferença prevaleça, existem motivos para que eu esteja feliz com a humanidade.
Um grande aplauso para a Avaaz.org, uma instituição virtual com o papel de mobilizar o mundo com a divulgação de petições, organizando manifestações e tudo que possa contribuir para um mundo mais justo e saudável. O site já protegeu as geleiras condenadas pelas empresas mineradoras na Argentina, defenderam  a liberdade dos meios de comunicação no Canadá, ajudaram a impedir o governo Alemão de cortar drasticamente seu orçamento de ajuda humanitária internacional para saúde e até fez o projeto ficha limpa ir para mídia popular e sofrer maior pressão para ser apoiado no senado aqui no Brasil. E obviamente essa lista não pára por aí, ainda segue em inúmeras defesas ao meio ambiente e a paz entre as nações.
É incrível quando vemos que ainda existem pessoas que se importam, que fazem pela justiça e zelam pelo mundo, mais ainda saber que esse número não é pequeno. Para cada idiota que conhecemos, existe um gênio do outro lado do mundo para compensar.
Mais um viva também pelos poucos jornalistas que mantém a paixão por sua profissão. É muito bom saber que o homem cultiva ideais benéficos com o mundo não tem medo de enfrentar as barreiras. Aplausos na platéia.

P.

11 de out. de 2010

Os ultimos dias sadios de uma nação

Esse é um mais um post sobre uma grande frustração minha, mais uma ilusão. Sobre meu Brasil e eu.
Ontem à noite, assisti ao filme "Tropa de Elite 2 - O inimigo agora é outro" e durante todo o filme me senti realizada, com aquele sorrisinho de canto de boca ao ver que todos os expectadores sairam mudos e chocados, sabendo que finalmente toda a população brasileira estava assistindo às verdades sobre o Rio de Janeiro e os políticos que a governam. Fiquei muito feliz por saber que ainda se tem liberdade na mídia, ainda que  pouca, para que toda essa história seja contada em detalhes no filme. E que agora todas as pessoas começariam a se conscientizar e compreender que tudo que está errado na cidade, tudo que falta e que sobra para a população está diretamente ligada às ações ou negligências dos governantes.
Bem, não foi exatamente assim como a mensagem se refletiu. Eu me iludi.
Reparei nas pessoas à minha volta, o que diziam na saída do filme, perguntei à alguns o que acharam e ouvi comentários como: "Poxa, o capitão morreu, né?" ou "Mas não adianta nada, o que a gente pode fazer?!". E se limitavam à detalhes ligado à futilidades, como o filme não tem um final feliz, ou como um novo bordão os fez rir. Em segundos, o discurso final que os emudeceu e assombrou foi esquecido, não foi ao menos absorvido de longe. Aposto também que nem sequer associaram os perfeitos personagens às respectivas pessoas as quais se referiam. Do mesmo jeito que não aprendem nada no dia-a-dia, não aprenderam nada com a história limpa bem em sua frente.
Faz um tempo, suspendi da minha programação preferida o jornal de meio-dia da Globo, que todo dia segue o mesmo enredo. As pessoas reclamam dos buracos nas ruas, do cara que estacionou mal, de todos os problemas corriqueiros que a própria população não deveria ter trabalho nenhum para resolver. Chegamos à um ponto em que a estrutura da cidade, é o mais ínfimo dos problemas. A falta de luz em algum lugar é aborrecimento mais light que se pode ter. A lama em que se encontra o país vai além das questões de bem estar, estrutura ou até questões sobre o capitalismo ou socialismo. Os acidentes são apenas acidentes. E a delinquência é algo que se pode contornar. Isso é pouco. O Brasil chegou ao caos. Talvez irreversível, talvez ainda crescente. Talvez, esse seja o fim.
Sinto que somos apenas uma numerosa povoação, que habita inutilmente uma terra sem lei. Mas não no sentido em que agora somos livres. Pelo contrário, agora somos presos à toda essa sujeira que nos cerca e nos afoga, nos coage e para não sofrermos tanto, nos cega, engana.
Para aqueles que choram com as guerras no Oriente Médio, com a fome e doenças na África, chorem também por nosso país. Pois chegamos ao ponto de igualmente desespero. A diferença é que os outros países ainda não sabem disso e  não começaram a ter pena.

P.

3 de out. de 2010

"La memoria es traicionera"

A memória é traiçoeira. Não se deve guardar as pessoas somente pela imagem, datas e eventos. Deve-se absorver delas tudo o que foi oferecido. O mais importante não é gravar a lembrança de alguém por falas ou movimentos, não na memória. Nossa mente tende a ser fantasiosa e romântica, ela distorce as coisas, faz achar que aquela pessoa, aquela situação foi perfeita, faz você se enganar. Quando não, pelo contrário, faz você esquecer completamente de algum detalhe que foi realmente relevante e você nem se importou.
Você deve aprender. Precisa consumir tudo aquilo que a outra pessoa lhe proporcionou, tudo aquilo que o outro lhe permitiu, cada conselho, cada lição, cada sorriso, cada sentimento. Assim, sempre que notar em si algo provindo da pessoa amada, lembrará que o bom de você veio do melhor dos outros. E o melhor de nós mesmos, nossa consciência constrói.

P.

21 de ago. de 2010

O básico do nada

À que ponto chegamos no destino do Brasil? Ou a quanto tempo paramos com o lento avanço no Brasil?
As duas perguntas acima têm o mesmo sentido. É extremamente decepcionante e desanimadora a atual situação do povo brasileiro. E o pior é que seria quase impossível acharmos uma situação viável para o fim de todos os problemas, ou pelo menos os básicos. Mas o problema está justamente aí. Sempre no básico.
O brasileiro já é conformado com sua situação. Fica feliz com qualquer miséria que recebe. Miséria de salário, miséria de reconhecimento, de trabalho, de comida, educação, miséria de alma, evolução. E se há uma grande corrupção entre os políticos, cabe ao povo reivindicar seus direitos, seus deveres, principalmente, sua qualidade de vida. Esses tipos de movimentos são ruins para o avanço de produção do país, mas para quem avança tão pouco em tanto tempo, mais um tempo estagnado por uma boa causa, é mais que justo.
Por outro lado, é impossível que a maioria dos brasileiros tenha uma consciência política, consciência sobre o que recebe e o que deve oferecer ao país, se adquirimos essse pensamento somente com o conhecimento, com a educação e a maioria do país ainda é a classe mais pobre, mal formada e alfabetizada. E assim segue um ciclo vicioso. O povo não sabe de nada, não briga por nada e o governo que não fornece educação e não é cobrado, também não faz nada. E o Brasil não avança, não se educa, não eleva os padrões, não pensa no futuro, não erradica nenhum dos seus problemas, não acontece nada. Nem em um processo lento, nem rápido. E se esse ritmo de vida continuar, o que infelizmente parece acontecer, nenhum problema será erradicado. A fome continuará, a desigualdade social, a mortalidade infantil, a formação do crime organizado, o fraco sistema de segurança, de educação pública, de saúde pública e a alienação sobre todos eles. O país continuará vivendo com o básico da miséria, da sobrevivência, durante os próximos quatro, ou dez, ou cinquenta anos.

29 de jul. de 2010

Pró-vloggers

Como já havia dito em postagens antigas, minha decepção com minha geração é crescente.  Anos de lutas durante a ditadura e pequenos grupos sociais exigindo direitos iguais para que a geração futura, que somos nós, estrage tudo não dando importância a tais fatos.
Percebo também, que de alguns anos pra cá, surgiram muitos revolucionários de sofá e pseudo-intelectuais sempre reclamando da falta de organização e segurança do país para seus vizinhos e amigos, para se mostrarem inteligentes e cultos. Porém de nada vale a cultura se não podemos usá-la a favor da evolução social ou pelo menos pessoal.
Apesar de todos essas vergonhas e monólogos inúteis, descobri na internet pessoas dignas de apreço e inspiração. Descobri os VLOGGERS. Vídeos caseiros de pessoas discorrendo assuntos importantes e absurdos de hoje em dia. Ou pelo menos em sua maioria, os bons vloggers tem essa intenção.
Aqui vai um dos quais eu mais gostei. Um blog chamado MeDaUmEspresso apresenta em um dos seus vídeos brilhantes, argumentos sobre a  fácil manipulação dos desinformados, a desimportância que as pessoas dão para os bárbaros crimes e golpes que aconteceram durante a época da ditadura, mascarados pelas metáforas dos políticos conservadores. Assistam o vídeo e em seguida, vejam também "V de vingança". rs

 


( Esse assunto na verdade começa no vídeo anterior, quem quiser entender mais sobre como esse assunto começou, aqui vai o link : Video #6 - Crime político)

P.

19 de jul. de 2010

Respeitosamente amoral

Moral ou respeito? Te pergunto hoje. É uma dessas escolhas que ninguém sabe responder, uma ínfima dúvida, mas que na verdade diz tudo sobre os reflexos de um indivíduo sobre a humanidade.
Segundo a moral, a vida que se deve levar é puritana, regrada segundo todos os grandes ditadores e seus cadernos, a igreja, os antigos obsoletos. Deve-se estudar, casar, ter um bom emprego, mentir por ele, julgar seus vizinhos e pessoas "fora desse padrão", querer muito dinheiro e ostentar o luxo, já que isso é normal em nossa sociedade. Negligênciar o mais pobre, afinal só atrapalham sua vida, enfeiam sua rua. Não é mesmo?! E por outro lado, a aceitação das diferentes raças em nosso convívio é inconcebível. O que não faz muito sentido já que aceitam a competitividade só porque é um artifício adquirido com a modernidade do mercado de trabalho. Afinal, nada na moral faz muito sentido. Já que aceitam pequenas mudanças na sociedade que não tiram o conforto dos mais tradicionais. Não agridem seus olhos, não os fazem pensar, medir e experimentar um novo modo. Moral é então nada mais que um personagem individual o qual deve-se seguir à risca para que não façamos nada que possa agredir o mundo, no entando o que mais esse personagem faz é aumentar o egoísmo e incomodar os quais esbarramos na vida. E se todos nós os seguissemos não teríamos hoje avanços, a liberdade de expressão, igualdade sexual, social, ou pelo menos essa intenção.
Logo, se você é mesmo um humanitário racional, espera-se que tenha respondido repeito. É ele que nos faz querer evoluir sem prejudicar outros. Nos faz buscar a igualdade, a ajuda às minorias, ou até maiorias prejudicadas por minorias mais fortes, seja pelo sistema financeiro ou político. É nele que devemos pensar ao andarmos pelas ruas, e que possamos medir qualquer ação social, desde uma conversa com um colega até o trânsito e a assistência de um desfavorecido. Uma atitude mínima ou máxima, deve ser feita com respeito.
Faça sua escolha e pense bem em seus reflexos. Tenha um bom dia!

P.