Esse é um mais um post sobre uma grande frustração minha, mais uma ilusão. Sobre meu Brasil e eu.
Ontem à noite, assisti ao filme "Tropa de Elite 2 - O inimigo agora é outro" e durante todo o filme me senti realizada, com aquele sorrisinho de canto de boca ao ver que todos os expectadores sairam mudos e chocados, sabendo que finalmente toda a população brasileira estava assistindo às verdades sobre o Rio de Janeiro e os políticos que a governam. Fiquei muito feliz por saber que ainda se tem liberdade na mídia, ainda que pouca, para que toda essa história seja contada em detalhes no filme. E que agora todas as pessoas começariam a se conscientizar e compreender que tudo que está errado na cidade, tudo que falta e que sobra para a população está diretamente ligada às ações ou negligências dos governantes.
Bem, não foi exatamente assim como a mensagem se refletiu. Eu me iludi.
Reparei nas pessoas à minha volta, o que diziam na saída do filme, perguntei à alguns o que acharam e ouvi comentários como: "Poxa, o capitão morreu, né?" ou "Mas não adianta nada, o que a gente pode fazer?!". E se limitavam à detalhes ligado à futilidades, como o filme não tem um final feliz, ou como um novo bordão os fez rir. Em segundos, o discurso final que os emudeceu e assombrou foi esquecido, não foi ao menos absorvido de longe. Aposto também que nem sequer associaram os perfeitos personagens às respectivas pessoas as quais se referiam. Do mesmo jeito que não aprendem nada no dia-a-dia, não aprenderam nada com a história limpa bem em sua frente.
Faz um tempo, suspendi da minha programação preferida o jornal de meio-dia da Globo, que todo dia segue o mesmo enredo. As pessoas reclamam dos buracos nas ruas, do cara que estacionou mal, de todos os problemas corriqueiros que a própria população não deveria ter trabalho nenhum para resolver. Chegamos à um ponto em que a estrutura da cidade, é o mais ínfimo dos problemas. A falta de luz em algum lugar é aborrecimento mais light que se pode ter. A lama em que se encontra o país vai além das questões de bem estar, estrutura ou até questões sobre o capitalismo ou socialismo. Os acidentes são apenas acidentes. E a delinquência é algo que se pode contornar. Isso é pouco. O Brasil chegou ao caos. Talvez irreversível, talvez ainda crescente. Talvez, esse seja o fim.
Sinto que somos apenas uma numerosa povoação, que habita inutilmente uma terra sem lei. Mas não no sentido em que agora somos livres. Pelo contrário, agora somos presos à toda essa sujeira que nos cerca e nos afoga, nos coage e para não sofrermos tanto, nos cega, engana.
Para aqueles que choram com as guerras no Oriente Médio, com a fome e doenças na África, chorem também por nosso país. Pois chegamos ao ponto de igualmente desespero. A diferença é que os outros países ainda não sabem disso e não começaram a ter pena.
P.